terça-feira, 1 de junho de 2010

Minha Matemática

No meu absoluto presente queria dispor de todos os instrumentos com que a matemática se faz existir. Com sensações intensamente turbulentas nem se quer consigo respirar como se deseja, porque a decepção mundana é tão marcante que não consigo parar de fantasiar instrumentos que existam em sua concretude. Nesse exato instante utilizo o meu compasso para delimitar um lugar que é tão vazio de idéias que sustentam a minha pulsão de viver, que norteiam as minhas constantes guerras internas. Como se não bastasse, utilizo uma régua de 30 centímetros para marcar, em poderosos tracejos, um sentimento tão sombrio que me remota lembranças tão ameaçadoras responsáveis por constituir um sujeito e que, ininterruptamente, avançam para a minha realidade. De certo, uma régua agora é muito pequena para medir um algo que sinto, um sentimento procedente da tristeza ou um sentimento incógnita, que persiste na ânsia de mostrar o quão desgraçadamente você depende de seres maiores que sua própria desgraça, e talvez uma fita métrica fosse mais adequada para medir até onde vai esse espaço delimitado pelo meu compasso, que não conseguiu fechar o círculo por causa da sua ponta quebradiça. Nesse presente ato eu quero medir as coisas, não agüento mais tanta complexidade, tantas máscaras; estou disposto a achar um valor real das representações utilizando a minha fórmula de Báskara, colocando o homem ao quadrado menos sua condição social vezes Eu e o Mundo. Talvez tenha que estruturar esse sujeito aplicando a equação dos números complexos, onde a letra “i” é o miserável infinito que invade o nosso atuar mundano. Mas o mundo está velho com suas voltas ao redor dele mesmo, é necessário compreendê-lo em sua natureza, a minha matemática não consegue porque está girando no tempo assim como ele, está pairando no ar assim como as nossas relações, vai saber se começasse a estudar Física Quântica não encontrasse uma melhor forma de entender esse mundo... Os recursos matemáticos são reais, eu quero atravessar a minha existência para fazer uma revisão de quem o Outro é. Estou entre imensos abismos e hoje, com minha fita métrica, quantifico a distância de um para o outro, dá um valor aproximado de infinitas representações e surpresas... São as minhas constantes decepções... Acredito que seja melhor jogar os abismos para o alto e perguntar ao Outro o porquê de ter posto aquelas miseráveis pedras no meu caminho, isso é muito simples. A distância de mim para o Outro são de 2 metros na teoria dos números complexos, e para facilitar a minha vida me disponho a utilizar uma calculadora científica, que calcula o valor da minha existência, a quantidade exata de decepções que um sujeito pode suportar, o limiar exato das minhas sensações, a média de representações de toda a humanidade e a até o tamanho da minha dor... A matemática é um instrumento de desabafo, potencializa a quantificação do que é real, realidade essa definida como uma concepção de mundo. Chega de matemática por hoje, agora utilizarei a disciplina das Relações para contar aos meus entes e queridos o que realmente estou sentindo. Talvez precise chorar em alegria para entender que a vida é um turbilhão de tudo isso e sempre mais um pouco...

Eu estou aqui para viver e ver no que vai dar Essa rotina de sonhos e apagamentos De colocar o medo antes de tudo Antes de resp...