segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Águas...


Hoje, pela primeira vez, permito-me escrever com uma paz no coração. Está chovendo, mas uma temperatura agradável, pelo menos o meu corpo sinaliza tal sensação. Uma brisa reinante que me contaminou profundamente, possibilitando o florescimento do pensar o pensamento, mas sem ressentimento, sem resignação. Estou bem... A condição em que me encontro é mais um resultado de centenas de metamorfoses existentes no Eu, no Outro; uma Condição Planetária. Apesar de saber que sempre existirá uma constante busca por algo, não temos como afirmar que esse algo seja a felicidade. A felicidade é uma condição subjetiva, portanto, uma condição transformadora, instável, natural... A felicidade é um estado morfogenético. Posso estar errado, na maioria das vezes estamos... São as traduções características do ser humano, fundamentais para a construção das representações e manutenção da cultura. Mas paro por aqui, não quero pensar o pensamento, mas sentir o sentimento... A paz continua... A chuva também... Lyon percebe esse Eu sereno, ele se mostrou sôfrego com o meu semblante, admira, questiona-me com os olhos, pede-me a fala e se deita. Nunca pensei que um ser quadrúpede, um cachorro, pudesse perceber um diferente estado de espírito, mas exaltei sua admiração e continuei sentindo o momento... Tudo de mim, tudo que eu sou, e nada também, me fazem agradecer por tudo que existe, a importância das coisas, das situações, da natureza, das pessoas... Sinto-me útil... O desejo, muitas vezes, não sabe o que desejar, é frustrante, mas renascente. A satisfação de escrever é fruto das minhas inquietações, contradições, sensações, porém nunca cristalizações. É o brilho de cada amanhecer, são as águas da chuva, as relações que se fazem existir e persistir, são as indiferenças, as sujeiras que me motivam a uma marcha. Mesmo que o brilho do amanhã não ilumine a escuridão de muitos pensamentos e as águas da chuva não lavem as sujeiras impregnadas, isso será possível um dia. A minha consciência de tudo que é mundano me renova... A chuva pára, meu corpo continua entusiasmado com as sensações, elas não se foram juntas com as águas corridas, ainda as sinto... A brisa reina nesse momento... E por mais momentâneo que seja a existência é tudo que há, não faz sentido não sentir, me dei à oportunidade e não importa a causa. Hoje é hoje e a paz se faz presente, não existe a tristeza e nem a traição... Hoje... Tudo se faz canção!

4 comentários:

sl disse...

Caro Almerson,

Gostei muito desse texto! Realmente um dia de chuva traz-nos uma sensação de sei-lá-o-quê, mas é melhor assim, bom mesmo é experienciar esse sentimento,não pensá-lo,e sim sentí-lo. Ao ler seu texto me veio uma enorme nostalgia, na verdade nos dias chuvosos me sinto nostálgico, uma saudade de sei-lá-o-quê.

Abraço!

rafaela cabadas disse...

Almerson,

Enfim passei por aqui né? Gostei muito do seu blog. Tu é um cara de talento viu?
A chuva traz a sensação de um novo começar... Pode destruir, pode renovar.
Beijos

Pietro disse...

Fico contente por acompanhar sua evolução. Percebo que superou algumas retro-alimentações e a escrita ganhou uma nova perspectiva, fruto de um novo estado de espírito. De nada adiantaria possuir a intelectualidade, intensidade e sensibilidade aflorada que você possui, se tudo isso não estivesse fundamentado em cima da sua paz. Obrigado por existir!

Grande abraço,

Pietro

rodrigo disse...

Mano almerson.... O que quero dizer agora não posso, não tenho tempoR$R$R$R$R$ (rsrsrsr)... MAs, ao menos pude ler.... como lhe prometi.. Gostei muito desse texto... Prometo que breve comentarei acerca dele... muito poético... Vc conhece o texto A transitoriedade de Freud...? Dialoga muito com seu texto...

um abração vei...

Breve estarei aqui de novo...

Eu estou aqui para viver e ver no que vai dar Essa rotina de sonhos e apagamentos De colocar o medo antes de tudo Antes de resp...