sábado, 17 de julho de 2010

Tempo


Vá embora e não me deixe ir.
Aproveite a noite e embarque para um lugar bem longe,
Onde não haja um mínimo de brilho lunar sequer.
Não demore de arrumar suas roupas e representações desnudas,
Coloque-as rapidamente dentro das malas e não se esqueça de fechá-las.
Procure um caminho dentro do seu próprio limite e não se perca,
Não quero que me grites pelos quatro cantos do mundo,
Não se aproveite da minha duvidosa decisão,
Que enfraquecida pela dor pode fazer brotar uma nova chance.
Não busque justificativas insanas e nem tão pouco ilusórias,
Seja capaz ao menos uma vez de partir sem volta, sem olhar para trás.
Sabe que houve tempo o suficiente para planejar sua partida,
Em meio a uma guerra sentida que muito pouco se sabe de onde veio a iniciativa.
Siga em frente, siga uma bússola, olhe para o norte,
Haverão imensos caminhos para serem escolhidos, tudo no seu absoluto limite;
Você não tem muito tempo e nem eu também,
O sol daqui a pouco se presta a nascer e não quero arder em calor para admirar a sua partida.
Decida-se! O que você fará?
O tempo me grita, a sede me alerta, a minha decisão me condena e não posso me incriminar por essa escolha.
Estás triste? Eu estou feliz...
O sol nasceu e vi a minha sentença divulgada:
Que toda decisão é construída por uma dialética de tempo e mais nada.
Não vá embora e não faça nada. A noite se foi, iniciemos uma outra jornada.

terça-feira, 6 de julho de 2010

Solícito

Estalos que anunciam para um despertar precoce.
Uma sensação de prazer e medo.
Talvez a realidade empeça alguns acontecimentos que se manifestam no silêncio
Que insistem e persistem em mostrar o não dito
Tentando trazer para o mundo a instabilidade dos atos e o desespero de não saber o que está por trás de um discurso.

Um pé afundado na areia rasa marca qualquer existência
Que se debruça em desvendar uma infiel natureza
Que mente para si mesmo porque não quer aceitar uma fatalidade.
Um erro de verdades, uma sábia ignorância ou uma bruta perfeição,
Que manifesta uma ética da felicidade baseada no contraditório
Acorde esse indecifrável apenas em algumas notas de razão.

Não há estalos que apaguem os infinitos conceitos de amores,
Nem os olhares que se passam entrelaçados pela mediação de uma guitarra.
Sustentar uma percepção mundana fadada a assassinar uma máquina que pulsa
É um verdadeiro caminhar que se encontra em multidões de corações quebradiços.

Que seja bom, ruim, desesperador, angustiante, mas que seja...
Não há remédio para nobres doenças, prazeres torpes e sensações absolutas,
Que dizem onde encontrar algum limite de bom senso, de submissão.
Talvez seja uma tentativa de decodificação do não dito,
Que não se desperta com milhões de estalos,
Mas que se faz existir pela confluência de sentimentos e pela ética de qualquer desejo.

Eu estou aqui para viver e ver no que vai dar Essa rotina de sonhos e apagamentos De colocar o medo antes de tudo Antes de resp...