sábado, 17 de julho de 2010

Tempo


Vá embora e não me deixe ir.
Aproveite a noite e embarque para um lugar bem longe,
Onde não haja um mínimo de brilho lunar sequer.
Não demore de arrumar suas roupas e representações desnudas,
Coloque-as rapidamente dentro das malas e não se esqueça de fechá-las.
Procure um caminho dentro do seu próprio limite e não se perca,
Não quero que me grites pelos quatro cantos do mundo,
Não se aproveite da minha duvidosa decisão,
Que enfraquecida pela dor pode fazer brotar uma nova chance.
Não busque justificativas insanas e nem tão pouco ilusórias,
Seja capaz ao menos uma vez de partir sem volta, sem olhar para trás.
Sabe que houve tempo o suficiente para planejar sua partida,
Em meio a uma guerra sentida que muito pouco se sabe de onde veio a iniciativa.
Siga em frente, siga uma bússola, olhe para o norte,
Haverão imensos caminhos para serem escolhidos, tudo no seu absoluto limite;
Você não tem muito tempo e nem eu também,
O sol daqui a pouco se presta a nascer e não quero arder em calor para admirar a sua partida.
Decida-se! O que você fará?
O tempo me grita, a sede me alerta, a minha decisão me condena e não posso me incriminar por essa escolha.
Estás triste? Eu estou feliz...
O sol nasceu e vi a minha sentença divulgada:
Que toda decisão é construída por uma dialética de tempo e mais nada.
Não vá embora e não faça nada. A noite se foi, iniciemos uma outra jornada.

Um comentário:

Leandro disse...

caramba ,parabens,APLAUSOS,APLAUSOS!!!

Eu estou aqui para viver e ver no que vai dar Essa rotina de sonhos e apagamentos De colocar o medo antes de tudo Antes de resp...