“Quando a gente resolve dar uma nova chance para o nosso coração é o
mesmo que dar uma nova chance ao medo”. Foi exatamente isso que uma amiga
me disse em mais uma de nossas longas conversas sobre a coragem de tentar
novamente. Talvez você esteja pensando que não há nada demais em tentar, afinal
de contas, a felicidade reside nas possibilidades. Mas não é tão fácil assim,
se entregar novamente.
Depois de tantas vivências, a
gente endurece, amadurece, talvez, de modo a se cercear com várias exigências
para o próximo relacionamento, tentando se prevenir das falhas que fizeram os
outros não darem certo, na expectativa de viver algo diferente. Mas os caminhos
são desafiadores e possuem muitas curvas. Hoje, encontramos muitas pessoas
disponíveis para relacionamentos, com aquela vontade de viverem os melhores
momentos de suas vidas, com juras eternas de amor e promessas incessantes de um
companheirismo sem fim. Mas nada disso é novo... Na verdade, isso sempre acontece
de novo.
As decepções e frustrações fazem
parte de qualquer relação, sabemos disso, entretanto, encarar um relacionamento,
nos dias de hoje, requer de nós um desprendimento de tudo que vivemos para
mergulhar nesse mar. A sensação de insegurança que vivenciamos nos faz repensar
sobre as escolhas de um compromisso que se estrutura no respeito. E é
exatamente isso que falta! A ausência dos valores acordados no início da “paixão
fulminante” dá lugar aos conflitos de uma relação estremecida. E não é a crise
dos 5, dos 10 e nem dos 20, não é fase, é a forma de lidar com o sentimento, é
a maneira de encarar as entrelinhas do que se quer.
E nessas curvas, o carro se descontrola.
Instaura-se o medo, a desconfiança, o
sofrimento por ter investido, acreditado na palavra do outro, surgindo o
sentimento de descrença. É o que minha amiga afirma: será que vale a pena acreditar de novo?
É o tempo que nos dá aquilo que
enxergamos. Ao nosso redor, percebemos as crises de relacionamentos que
começaram ontem, que acreditávamos que fossem perdurar. Mas essa suposta
volaticidade da era moderna nos acovarda, não nos empodera a tentar novamente.
Vivemos um momento de muita procura e menos disposição, porque existe uma
grande e sutil diferença (muito sutil!), entre estar disponível e estar
disposto. É muito fácil dizer que quer, que ama, que soma, porém quando a
formiga morde o braço, some!
As pessoas estão muito
acostumadas a pensarem em si e esquecem que companheirismo é uma confluência de
ações que buscam e exaltação do querer bem, do respeito ao próprio espaço e do
outro também, porque relacionamento de verdade segue a lógica do amor recíproco,
não igual, mas necessário dentro das possibilidades de cada sujeito. Acredito
que eu e minha amiga teremos longas conversas como esta, pois isso nos faz refletir
sobre o que é melhor para nós e qual papel iremos assumir, nos relacionamentos,
diante das nossas aspirações em sermos felizes.
2 comentários:
Adorei o texto. Parabéns!
Adoreino texto. Parabéns! (Jandson)
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