quinta-feira, 6 de outubro de 2016

AFETO

É uma questão de tato, de sentir mesmo.
Não adianta tentar substituir o toque se o sentimento é da ordem do afeto.
Isso, afeto.
Tornar-se sensível.
Permitir-se para o desconhecido.
Porque todo encontro pressupõe uma reação.
Sem entrega, confiança e, supostamente, medo, nada suporta.
E talvez seja esse o grande desafio.
O medo de suportar, de sustentar, de se tornar vulnerável ao afeto.
Mas é assim que acontece, que emerge, que faz nascer.
Não há felicidade sem riscos,
Pois é nele que incide as diversas possibilidades.
Eu sei que são escolhas,
Mas é o afeto que motiva, que inquieta,
Que nos lança mudo a fora.
Que leva nossos barcos a deriva, por vezes, a um destino.
A um sentido aceitável para tudo isso, tudo que somos.
É uma questão de tato, acredito.
Esse medo de tentar que nos interroga,
Que nos coloca a prova,
Que nos cega,
Que nos impede de olhar o mundo com mais sensibilidade,
Com mais coragem, mais braveza e leveza.
Por isso, insisto.
Quero estar vulnerável a tudo isso.
Posso não ter a oportunidade de ver a flor,
Mas quero ter a oportunidade de escolher ver sem arrancá-la.
Quero me reinventar todos os dias.
Encantar-me por tudo que o afeto proporciona,
E mesmo na vulnerabilidade,
Correr os riscos.
Porque felicidade é isso,

É uma questão de tato, de sentir o não dito.

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