Talvez eu seja uma coisa improvável, impensada, instável.
Talvez eu nada seja.
Nada, no mundo de hoje, é uma qualidade desejada, portanto,
alguma coisa sou.
O que me questiono - se é que posso -, é se desejarei ser
nada ou ser tudo.
E nessa incansável luta por qualquer condição - de existir,
claro-, algo sempre serei.
Se serei alguma coisa, é um direito que me cabe - e uma
obrigação também.
É dever meu, anseio, talvez, por um verbo transitivo nesta
estrada.
Quero a possibilidade de me reconstruir nela conjugando o
verbo várias vezes,
Pois estrada me fiz.
E passei por etapas onde, muitas vezes, nada fui, para ser
alguma coisa.
Fui caminhos barrosos,
Fui caminhos alagados - sim, águas me invadiram.
Fui estrada sinuosa,
Fui precipício - sim, medos me tomaram.
E de tentar ser o que não se sabe - de fato, não sabemos
quem somos -, fui estrada.
E agora, o que sou?
Não sei ao certo.
Sei que busco ser,
Pois tenho honra em conjugar esse verbo.
Quero ser feliz sem receitas supostamente impostas.
Quero ser nada por algum tempo e lidar bem com isso.
Pois um dia acordo e me faço ser flor.
Que pelo desafio da vida seguiu e desabrochou.
E não há nada que me faça desistir de ser.
Pois, dessa relação de tudo e nada, algum momento me renovo.
E penso, aliás, disso eu tenho certeza: sempre serei
estrada.
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